De Traidor para Querer Ser Traído: Uma Jornada Inesperada – Parte 1
Num apartamento discreto no coração de Lisboa, as cortinas de seda balançavam ao sabor da brisa quente de verão. No interior, a luz do entardecer tingia os móveis de tons dourados, e o silêncio era quebrado apenas pelo tique-taque do relógio antigo sobre a lareira. Catarina estava sentada no sofá, as pernas cruzadas, a mão a segurar um copo de vinho tinto. O olhar, porém, estava longe, fixo no vazio, enquanto pensava no marido, Ricardo, que estava a trabalhar até tarde. Ou, pelo menos, era o que dizia.
Há semanas que Catarina sentia algo diferente no ar. Os beijos de Ricardo eram apressados, os abraços, mecânicos. Ele já não a olhava como antes, como se a sua presença fosse um incómodo, e não uma necessidade. E então, havia os telefonemas misteriosos, as mensagens que ele apagava assim que pensava que ela não estava a ver. A desconfiança instalara-se, e com ela, uma ferida que não parava de sangrar.
Naquela noite, porém, algo mudou. Em vez de se sentir magoada, Catarina sentiu uma chama a acender-se dentro de si. A ideia de Ricardo com outra mulher, antes tão dolorosa, começou a tomar uma forma diferente na sua mente. Era como se um véu tivesse sido retirado, revelando um desejo oculto, algo que ela nunca admitira a si mesma. E, ao pensar nisso, sentiu um calor a subir-lhe pelo corpo, a humedecer-lhe as coxas.
Agarrou o telemóvel e, com dedos trémulos, abriu uma aplicação de mensagens anónimas. Escolheu um contacto ao acaso, alguém cujo nome e rosto desconhecia, e começou a escrever:
“É estranho pensar que o meu marido pode estar a trair-me, mas agora… agora imagino-me a ser traída também. Seria errado querer isso?”
A resposta não tardou: “Não é errado. É humano. O desejo é imprevisível. Queres explorar isso?”
Catarina sentiu um arrepio a percorrer-lhe a espinha. A voz do desconhecido, suave e firme ao mesmo tempo, parecia ecoar na sua mente, como se estivesse ali, ao seu lado. Sem hesitar, respondeu:
“Quero. Mas não sei por onde começar.”
O desconhecido enviou uma fotografia — uma mão masculina, forte e segura, a segurar um copo de whisky. Catarina sentiu o coração acelerar. Era só uma mão, mas era suficiente para despertar algo nela, algo que há muito adormecera.
“Envia-me uma foto tua,” escreveu ele. “Mostra-me o que estás a sentir.”
Ela hesitou, mas apenas por um momento. Levantou-se, foi até ao espelho e tirou uma fotografia. Estava vestida com um camisola larga, mas a expressão no rosto dizia tudo: desejo, curiosidade, uma fome que não sabia como saciar.
“Estás linda,” respondeu ele. “E agora? O que queres?”
Catarina olhou para a fotografia dele, para aquela mão que parecia prometer tantas coisas, e sentiu um vazio dentro de si, uma necessidade de ser tocada, de ser desejada. Escreveu:
“Quero saber como seria. Quero sentir o que ele sente quando está com outra. Quero… ser traída.”
O desconhecido respondeu quase imediatamente: “Então encontra-te comigo. Deixa-me mostrar-te o que é ser desejada por outra pessoa.”
E, naquele momento, Catarina sentiu que estava à beira de um precipício. Poderia recuar, voltar para a segurança do que conhecia, ou poderia dar o salto, deixar-se levar por algo que nunca experimentara. O coração batia acelerado, e o corpo parecia vibrar com a antecipação.
“Sim,” escreveu ela, as mãos a tremerem. “Eu quero.”
E, com aquela palavra, deu o primeiro passo numa jornada que mudaria tudo.