Indevida – VIII: Tudo o Que Precisa Saber Sobre Este Conceito

Indevida – VIII: Tudo o Que Precisa Saber Sobre Este Conceito

Num apartamento discreto no coração de Lisboa, a luz do fim de tarde filtrada pelas cortinas de renda criava padrões dançantes sobre o chão de madeira. Clara, sentada no sofá, folheava um livro antigo, cujo título se desvanecia na lombada gasta. *Indevida – VIII: Tudo o Que Precisa Saber Sobre Este Conceito*. A capa, em tons de vinho, sugeria mistério, e as páginas amareladas exalavam um aroma de segredos guardados.

encontros Rapidos

Ela não sabia ao certo como o livro chegara às suas mãos. Talvez tivesse sido deixado na sua porta, ou talvez o encontrara numa livraria de usados, perdido entre volumes esquecidos. O que importava era que agora estava ali, e as palavras pareciam sussurrar-lhe ao ouvido, convidando-a a mergulhar num mundo proibido.

O primeiro capítulo começava com uma descrição de algo que Clara nunca imaginara: a ideia de que o desejo, quando indevido, podia ser mais intenso, mais ardente, mais *real*. A autora, cujo nome não constava na capa, descrevia encontros furtivos, toques roubados, olhares que atravessavam salas cheias e prometiam tudo aquilo que não podia ser dito. Clara sentiu um calor subir-lhe pelo pescoço, e as palavras pareciam ganhar vida, como se a estivessem a tocar.

Foi então que ouviu a chave girar na fechadura. Ele entrou, como sempre fazia, sem fazer barulho. Miguel. O seu vizinho, o seu amigo, o homem que ela sabia que nunca devia desejar. Mas ali, naquele momento, com o livro aberto nas mãos, todas as regras pareciam desmoronar.

Miguel parou à entrada da sala, os olhos fixos nela. “Que livro é esse?” perguntou, a voz suave, mas carregada de curiosidade.

Clara hesitou, mas algo dentro dela a impeliu a responder. “É sobre… coisas indevidas.”

Ele aproximou-se, sentando-se ao seu lado no sofá. O calor do seu corpo era palpável, e Clara sentiu o coração acelerar. Miguel pegou no livro, os dedos dela roçando os dele por um instante que pareceu durar uma eternidade. Ele abriu-o numa página aleatória, e os seus olhos percorreram as palavras.

“Indevido,” leu ele em voz baixa, “é aquilo que sabemos que não devemos querer, mas que, no fundo, é tudo o que realmente desejamos.”

Clara olhou para ele, e o mundo parecia ter parado. O ar estava carregado de uma tensão que nenhum dos dois podia ignorar. Miguel fechou o livro lentamente, colocando-o de lado, e então os seus olhos encontraram os dela.

“E tu, Clara?” perguntou ele, a voz quase um sussurro. “O que é que tu desejas, mesmo sabendo que não deves?”

Ela não respondeu com palavras. Em vez disso, inclinou-se para ele, os lábios encontrando os seus num beijo que era tanto uma confissão como uma entrega. O livro ficou esquecido no sofá, mas as suas palavras ecoavam na mente de Clara, guiando-a enquanto ela se deixava levar por aquilo que sempre soubera que era indevido, mas que, naquele momento, era tudo o que queria.