Carência Tardia: Tudo o que Precisa Saber sobre este Fenômeno em Portugal

A noite caía sobre Lisboa, e o ar quente de verão trazia consigo um misto de sal e jasmim. Clara caminhava pelas ruas estreitas do Bairro Alto, o som dos seus saltos ecoando contra as paredes de pedra. Tinha 45 anos, e a carência que sentia não era apenas física, mas algo mais profundo, algo que a acompanhava desde que o seu último relacionamento terminara, há quase uma década. Era uma carência tardia, como a que se lê nos livros de psicologia, mas que ela nunca pensara sentir tão intensamente.

Entrou num pequeno bar, onde a luz era quente e o vinho tinto fluía como um rio. Sentou-se ao balcão, pedindo um copo de Alentejo. Foi então que o viu. Ele estava do outro lado do bar, os olhos escuros a fitá-la com uma intensidade que a fez tremer. Era mais novo, talvez uns dez anos, mas havia algo nele que a atraía de imediato. O jeito como ele sorria, como os seus dedos brincavam com o copo de vinho, como o seu olhar parecia conhecer todos os segredos que ela guardava.

Ele aproximou-se, e o cheiro dele, uma mistura de madeira e algo indefinível, envolveu-a. “Posso?” perguntou, apontando para o lugar ao seu lado. Clara assentiu, sentindo o coração acelerar. Ele apresentou-se como Miguel, e a conversa fluiu como se se conhecessem há anos. Falaram de livros, de viagens, da vida. Mas havia algo mais, algo que não era dito, mas que pairava no ar entre eles.

Quando o bar começou a esvaziar, Miguel olhou para ela com um sorriso travesso. “Queres ir a algum lugar mais… privado?” Clara hesitou por um momento, mas a carência que sentia era mais forte do que o medo. Acompanhou-o pelas ruas até um apartamento pequeno, mas acolhedor, com vista para o Tejo.

Ali, entre beijos apaixonados e toques que a faziam arder, Clara descobriu que a carência tardia não era apenas um fenómeno, mas uma oportunidade. Uma oportunidade para se redescobrir, para sentir-se viva de uma forma que há muito não sentia. E naquela noite, sob as estrelas de Lisboa, ela encontrou não apenas Miguel, mas também uma parte de si mesma que pensara perdida.