Eu e o Taxista: Uma História Inesquecível de Viagem e Conversa
A noite estava quente e húmida quando saí do bar, os pés cansados a arrastarem-se pelo passeio. O telemóvel marcava quase três da manhã, e os táxis eram escassos nesta parte da cidade. Foi então que o vi, estacionado à esquina, o motor a roncar suavemente. A luz interior estava acesa, e o condutor, um homem de meia-idade com um olhar penetrante, acenou-me com um gesto subtil.
Entrei no banco de trás, e o cheiro a couro novo invadiu-me as narinas. Ele olhou-me pelo retrovisor, os olhos escuros a brilhar com uma curiosidade que me fez estremecer. “Para onde vamos?”, perguntou, a voz rouca e suave como seda.
“Para o outro lado da cidade”, respondi, sentindo um frio na espinha quando os nossos olhos se cruzaram novamente. Ele acenou com a cabeça e pôs o carro em movimento.
A viagem começou em silêncio, mas algo no ar parecia carregado, como se estivéssemos ambos à espera que o outro falasse. Foi ele quem quebrou o gelo. “Noite agitada?”, perguntou, os olhos a fixarem-se em mim pelo espelho.
“Podia ter sido melhor”, admiti, sentindo-me estranhamente à vontade para partilhar. Ele sorriu, um sorriso que parecia esconder segredos.
“Às vezes, as melhores histórias começam assim”, disse, a voz a ganhar um tom mais íntimo. “Noites que parecem comuns, mas que acabam por ser inesquecíveis.”
O meu coração acelerou, e senti um calor a espalhar-se pelo corpo. A conversa fluiu naturalmente, e em breve estávamos a falar de tudo e de nada, as palavras a ganharem um peso que não conseguia ignorar. Ele contou-me histórias das suas viagens, dos lugares que tinha visto, das pessoas que tinha conhecido. E eu, por minha vez, abri-me de uma forma que não esperava.
“Já alguma vez fizeste algo que nunca pensaste que farias?”, perguntou ele de repente, os olhos a fixarem-se em mim com uma intensidade que me deixou sem fôlego.
“Talvez”, murmurei, sentindo um nó na garganta. Ele sorriu novamente, e desta vez não consegui evitar notar como os seus lábios pareciam convidativos.
“Às vezes, a vida dá-nos oportunidades que não podemos deixar passar”, disse, a voz a tornar-se mais suave, mais íntima. “O que achas?”
O táxi parou num local escuro, longe da cidade, e o silêncio dentro do carro era quase palpável. O meu coração batia tão forte que tinha a certeza que ele o ouvia. Ele virou-se para mim, os olhos a brilharem com uma promessa que me fez estremecer.
“E se eu te disser que esta noite pode ser uma daquelas histórias inesquecíveis?”, sussurrou, a mão a estender-se para mim, os dedos a tocarem levemente no meu joelho.
Eu não respondi. Em vez disso, inclinei-me para a frente, os lábios a encontrarem-se com os dele num beijo que foi tão intenso quanto inesperado. O táxi tornou-se o nosso mundo, e naquela noite, o condutor e eu escrevemos uma história que nenhum de nós esqueceria.