O Coroa Molekão: A História de Como Fui um Garoto Mau e Aprendi a Crescer
Era uma vez, num bairro antigo de Lisboa, um homem que todos conheciam como o Coroa Molekão. António, o seu nome verdadeiro, tinha fama de ser um conquistador inveterado, um homem que nunca se prendia a ninguém e que vivia a vida como se cada dia fosse o último. Aos quarenta e tal anos, ainda mantinha um charme inegável, com o seu cabelo grisalho bem cortado e o sorriso que parecia prometer segredos proibidos.
Mas António não era sempre assim. Na sua juventude, fora um garoto mau, daqueles que desafiava as regras e deixava um rasto de corações partidos por onde passava. As mulheres eram o seu jogo, e ele jogava com uma mestria que assustava. Aprendeu cedo a seduzir, a conquistar, a prometer mundos e fundos, apenas para desaparecer na manhã seguinte, sem deixar rasto.
Tudo mudou numa noite de verão, quente e úmida, quando conheceu Clara. Ela era diferente de todas as outras. Tinha um olhar penetrante que parecia ver através da sua fachada de homem durão. Clara era uma mulher madura, experiente, que não se deixava levar por promessas vazias. E foi ela quem o desafiou, quem o fez questionar-se pela primeira vez.
“Porque é que tens medo de te comprometer, António?” perguntou-lhe numa noite, enquanto os dois estavam sentados na varanda do seu apartamento, com vista para o Tejo. A lua refletia-se na água, criando um cenário quase mágico.
António hesitou. Nunca ninguém lhe tinha feito essa pergunta. “Não tenho medo”, respondeu, mas a sua voz não soava convincente.
Clara sorriu, um sorriso que era ao mesmo tempo doce e provocador. “Todos temos medo de algo. O teu medo é de te deixares sentir, de te deixares amar.”
Aquela noite foi diferente. Clara não se deixou seduzir facilmente. Em vez disso, foi ela quem o levou a explorar partes de si mesmo que ele nem sabia que existiam. Foi lento, intenso, e António sentiu-se vulnerável pela primeira vez na vida. Mas, ao mesmo tempo, sentiu-se mais vivo do que nunca.
Com o tempo, António começou a mudar. Aprendeu a valorizar a intimidade, a conexão verdadeira. Aprendeu que o prazer não estava apenas na conquista, mas na partilha, na entrega. E, acima de tudo, aprendeu a crescer.
Hoje, o Coroa Molekão já não é o mesmo. Ainda mantém o seu charme, mas agora usa-o de forma diferente. E, sempre que olha para Clara, sabe que foi ela quem o ensinou a ser um homem, e não apenas um garoto mau.