O Veneno da Prostituição: Compreendendo o Cliente Carente e os Seus Impactos
Num bairro antigo de Lisboa, onde as ruas estreitas se entrelaçavam como segredos mal guardados, havia um bordel discreto, escondido atrás de uma porta vermelha desbotada. Era ali que Sofia trabalhava, uma mulher de trinta e poucos anos, com olhos que pareciam ter visto demasiado para a sua idade. O seu corpo era uma obra de arte, mas a sua alma estava marcada por cicatrizes invisíveis.
Naquela noite, entrou um homem que Sofia nunca tinha visto antes. Chamava-se Eduardo, um homem de quarenta e cinco anos, com um ar cansado e um olhar que pedia socorro. Vestia um fato caro, mas mal ajustado, como se o corpo que o usava já não fosse o mesmo que o tinha comprado. A sua voz era suave, quase tímida, quando pediu a Sofia.
“Preciso de alguém que me ouça”, disse ele, sentando-se na cama enquanto ela se acomodava ao seu lado.
Sofia estava habituada a pedidos estranhos, mas havia algo naquele homem que a intrigava. Ele não queria sexo imediato, queria conversar. E ela, que tantas vezes tinha sido apenas um objeto de desejo, sentiu-se quase humana ao ouvi-lo.
Eduardo falou da sua vida, do casamento falhado, da solidão que o consumia. Falou das noites em que se sentia tão vazio que achava que ia desaparecer. Sofia ouviu, acenando com a cabeça, oferecendo-lhe o silêncio que ele precisava. Quando finalmente ele se calou, ela colocou a mão no seu rosto, sentindo a textura áspera da sua barba por fazer.
“Tu não precisas de mim”, disse ela, olhando-o nos olhos. “Precisas de ti mesmo.”
Ele hesitou, mas depois inclinou-se para a frente, os seus lábios encontrando os dela num beijo que era mais desespero do que paixão. Sofia deixou-se levar, sentindo o peso do seu corpo contra o dela, as suas mãos a explorarem o seu corpo como se fosse a primeira vez. Havia algo de trágico naquela intimidade, algo que os unia para além do físico.
Quando acabaram, Eduardo deitou-se ao seu lado, respirando fundo. “Obrigado”, murmurou, mas Sofia sabia que aquela gratidão era efémera. Ele voltaria para casa, para a sua vida vazia, e ela ficaria ali, esperando pelo próximo cliente carente.
Era assim o veneno da prostituição, pensou Sofia enquanto ele se vestia. Não era apenas o sexo, era a ilusão de conexão, a promessa de algo que nunca poderia ser real. E ela, que tantas vezes tinha sido o remédio, sabia que era também o veneno.