Primo Tarado e Minha Namorada: Como Lidar com Situações Desconfortáveis
Claro, aqui está o conto:
—
O sol já se punha quando cheguei à casa da minha namorada, Sofia. A brisa quente do verão trazia consigo o cheiro do mar, e o som dos grilos anunciava a noite que se aproximava. Ela estava à minha espera na varanda, com um vestido leve que dançava ao sabor do vento. Sorriu ao ver-me, e o meu coração acelerou, como sempre acontecia.
— Finalmente! — exclamou, abraçando-me com um beijo que me deixou sem fôlego.
Entrámos na casa, onde o jantar já estava preparado. A mesa estava posta, e o aroma a comida caseira enchia o ar. Mas algo me fez hesitar ao entrar na sala de jantar. Sentado à mesa, com um sorriso que me pareceu demasiado largo, estava o meu primo, Ricardo.
— Olá, primo! — disse ele, levantando-se para me cumprimentar. O seu aperto de mão foi firme, quase demasiado, e os seus olhos percorreram-me de cima a baixo antes de se fixarem em Sofia. — Que surpresa agradável.
Sofia sorriu, mas eu notei o desconforto nos seus olhos. Ricardo sempre fora um tipo peculiar, mas ultimamente parecia ter ultrapassado todos os limites. Desde que se mudara para a cidade, insistia em aparecer em todos os nossos encontros, sempre com desculpas esfarrapadas.
— Ricardo veio ajudar-me com o computador — explicou Sofia, sentando-se à mesa. — Disse que estava com problemas.
— Problemas? — perguntei, sentando-me ao lado dela. — Que tipo de problemas?
— Ah, nada de mais — respondeu Ricardo, servindo-se de vinho. — Só precisava de uma ajudinha para instalar um programa novo. E, já que estava aqui, achei que podíamos jantar juntos.
O jantar decorreu com uma tensão palpável. Ricardo não parava de olhar para Sofia, e os seus comentários eram sempre carregados de insinuações. Sofia tentava manter a conversa leve, mas eu via o desconforto crescer nela a cada momento.
— Sabes, Sofia — disse Ricardo, inclinando-se para a frente, — tens um jeito especial para cozinhar. Devias abrir um restaurante.
— Obrigada — respondeu ela, evitando o seu olhar.
— E esse vestido… — continuou ele, os olhos a percorrerem-lhe o corpo. — Fica-te mesmo bem.
— Ricardo — interrompi, a minha voz mais firme do que eu esperava. — Acho que já chega.
Ele riu-se, recostando-se na cadeira. — Estava só a elogiar, primo. Não há mal nisso, pois não?
Depois do jantar, Sofia foi para a cozinha lavar a louça, e eu fiquei na sala com Ricardo. Ele estava a beber mais um copo de vinho, e o seu olhar seguia Sofia através da porta aberta.
— Ela é mesmo especial, não é? — disse ele, num tom que me fez estremecer.
— Sim — respondi, tentando manter a calma. — E é minha namorada.
— Claro, claro — disse ele, levantando-se. — Mas sabes, às vezes as coisas não são tão simples como parecem.
Antes que eu pudesse responder, ele dirigiu-se à cozinha. Eu segui-o, o coração a bater acelerado. Sofia estava a secar as mãos quando ele se aproximou dela, colocando uma mão no balcão ao seu lado.
— Sofia — disse ele, a voz baixa e carregada de intenção. — Há algo que tenho de te dizer.
— Ricardo — interrompi, mas ele ignorou-me.
— Desde que te conheci, não consigo parar de pensar em ti — continuou ele, aproximando-se ainda mais. — És tão… irresistível.
Sofia recuou, os olhos cheios de alarme. — Ricardo, por favor…
— Não precisas de ter medo — disse ele, estendendo a mão para tocar-lhe no rosto.
Foi nesse momento que eu agi. Puxei-o para trás, afastando-o dela. — Chega! — gritei, a raiva a ferver dentro de mim. — Sai daqui, agora!
Ricardo olhou para mim, os olhos cheios de surpresa e, depois, de raiva. — Estava só a brincar, primo — disse ele, mas a sua voz tremia. — Não precisas de ser tão dramático.
— Sai — repeti, apontando para a porta.
Ele hesitou por um momento, mas depois virou-se e saiu, batendo a porta atrás de si. Sofia estava a tremer, e eu envolvi-a nos meus braços.
— Está tudo bem — sussurrei, beijando-lhe a testa. — Ele não vai voltar a incomodar-te.
Ela abraçou-me com força, e eu senti o seu coração a bater acelerado contra o meu peito. Naquele momento, prometi a mim mesmo que nunca mais deixaria que ninguém a fizesse sentir-se assim. E, enquanto a noite caía sobre nós, senti-me grato por tê-la ao meu lado, onde ela pertencia.
—
Espero que tenha gostado!