Meu Vizinho Velhinho – Parte 1: Uma História Tocante e Inspiradora
O sol começava a descer, tingindo o céu de tons quentes de laranja e rosa, quando Ana se sentou na varanda do seu apartamento, a desfrutar do final da tarde. O ar estava fresco, e o silêncio do bairro era reconfortante. Foi então que o viu. O seu vizinho, o senhor António, um homem de cabelos grisalhos e olhos profundos, saiu para regar as suas plantas na varanda ao lado. Ele era um homem solitário, mas sempre gentil, e Ana, desde que se mudara para ali, sentira uma curiosidade morna por ele.
Naquele dia, porém, algo era diferente. O senhor António estava apenas de calções, o torso nu, e a luz do sol refletia-se na sua pele bronzeada, revelando uma musculatura surpreendentemente firme para a sua idade. Ana sentiu um calor estranho a subir-lhe às faces, mas não conseguiu desviar o olhar. Ele movia-se com uma graça que parecia desafiar o tempo, e as suas mãos, calejadas mas delicadas, acariciavam as folhas das plantas como se fossem algo precioso.
De repente, ele olhou para ela e sorriu. Um sorriso que parecia carregar histórias, segredos e uma espécie de convite silencioso. Ana sentiu o coração a acelerar, mas respondeu com um sorriso tímido. Ele aproximou-se da divisória entre as varandas, apoiando-se no parapeito.
— Boa tarde, Ana. O tempo está bonito, não está? — a sua voz era suave, mas tinha uma profundidade que a fez estremecer.
— Está, sim — respondeu ela, tentando disfarçar a trepidação na voz. — As suas plantas estão lindas.
— Obrigado. São a minha companhia — disse ele, com um olhar que parecia atravessá-la. — E você? Gosta de plantas?
Ana sentiu-se encurralada por aquele olhar, mas ao mesmo tempo fascinada. — Gosto, mas não tenho muito jeito para cuidar delas.
— Talvez eu possa ensinar-lhe — sugeriu ele, com um tom de voz que parecia carregado de intenções. — Se quiser, claro.
Ana hesitou por um momento, mas a curiosidade e uma certa excitação desconhecida falaram mais alto. — Gostaria muito.
— Então venha cá — disse ele, estendendo a mão.
Ana levantou-se e aproximou-se da divisória. Ele abriu a pequena porta que separava as varandas e fez-lhe sinal para entrar. Ela sentiu um frio na barriga, mas seguiu-o. O ar parecia mais quente do lado dele, ou talvez fosse apenas a sua imaginação.
Ele levou-a até às plantas, mostrando-lhe cada uma, explicando os seus cuidados com uma paciência que a comovia. Mas Ana mal conseguia prestar atenção. A sua mente estava focada na proximidade dele, no cheiro suave da sua pele, na forma como os seus dedos tocavam as folhas com uma sensualidade involuntária.
De repente, ele parou e olhou para ela. — Ana — disse, com uma voz que era quase um sussurro. — Há algo mais que gostaria de lhe mostrar.
Ela sentiu o coração a bater mais forte, mas não hesitou. — O quê?
Ele levou-a para dentro do apartamento, que era simples mas acolhedor. As paredes estavam cobertas de fotografias antigas e livros, e o ar estava impregnado de um aroma que a fez sentir-se segura. Ele parou à frente de uma fotografia de uma mulher jovem e bonita.
— Esta era a minha mulher — disse ele, com uma voz carregada de emoção. — Ela partiu há muitos anos, mas deixou-me um legado de amor e paixão que nunca se apagou.
Ana sentiu uma lágrima a escorrer-lhe pela face. — Sinto muito.
Ele sorriu, com uma tristeza doce. — Não sinta. Ela vive em mim, e agora, talvez, em você também.
Ana olhou para ele, confusa, mas ele aproximou-se, colocando uma mão no seu rosto. — Ana, você é jovem, cheia de vida. Mas há algo em si que me lembra dela. Algo que me faz sentir vivo novamente.
Ela sentiu o coração a bater tão forte que quase doía. — Senhor António, eu…
— Chama-me António — interrompeu ele, com um sorriso que a deixou sem fôlego.
— António — sussurrou ela, sentindo o seu nome a rolar na língua como algo proibido.
Ele inclinou-se lentamente, e os seus lábios encontraram os dela num beijo suave, mas cheio de paixão. Ana sentiu o mundo a desvanecer-se à sua volta, deixando apenas aquele momento, aquela sensação de estar viva como nunca antes.
Quando se separaram, ele olhou para ela com um brilho nos olhos que a fez sentir-se especial. — Ana, talvez possamos descobrir juntos o que o tempo ainda nos reserva.
Ela sorriu, sentindo uma nova chama a acender-se dentro de si. — Gostaria muito, António.
E assim, naquele apartamento simples, entre fotografias antigas e plantas cuidadosamente cuidadas, começou uma história que desafiava o tempo e as convenções, uma história tocante e inspiradora de amor e paixão.