Adoro Ser Corno Manso: Desmistificando o Conceito e Explorando a Aceitação
O apartamento estava silencioso, excepto pelo tique-taque do relógio na parede da sala. Miguel sentava-se no sofá, as mãos entrelaçadas sobre os joelhos, os olhos fixos na porta. Sabia que ela estava lá fora, com ele. O coração batia-lhe acelerado, não de ansiedade, mas de antecipação. Adorava este momento, o momento em que ela regressava, trazendo consigo o cheiro do outro, o calor de uma experiência que ele não tinha vivido, mas que, de alguma forma, sentia como sua.
Ana entrou, os sapatos de salto alto ecoando no chão de madeira. Trazia o vestido justo, o mesmo que ele lhe tinha escolhido naquela manhã, mas agora desarrumado, marcado pelas mãos de outro. O cabelo estava solto, desalinhado, e os lábios, ainda inchados de tantos beijos, sorriram-lhe ao vê-lo.
— Estavas à minha espera? — perguntou, a voz suave, quase provocadora.
Miguel assentiu, incapaz de falar. O desejo apertava-lhe a garganta, misturado com uma estranha ternura. Ana aproximou-se, deixando cair a mala no chão, e sentou-se ao seu lado. O perfume dela misturava-se com o suor, com o cheiro do outro homem, e ele sentiu-se enlouquecer.
— Conta-me — pediu ele, a voz rouca.
Ana sorriu, os olhos brilhando com uma luz que só ele conhecia. E começou a narrar, detalhe por detalhe, cada toque, cada palavra, cada gemido. Miguel escutava, as mãos a apertarem-se ainda mais, o corpo a arder de uma excitação que não conseguia explicar. Não era ciúme, não era dor. Era algo mais profundo, mais intenso. Era a aceitação de quem ela era, do que ela precisava, e da forma como ele se encaixava nisso.
Quando ela terminou, Miguel puxou-a para si, os lábios encontrando os dela num beijo que sabia a sal e a pecado. Ana riu-se, baixinho, e deslizou para o chão, ajoelhando-se diante dele. As mãos dela abriram-lhe as calças, e ele deixou-se levar, os olhos fechados, a imaginar tudo o que ela tinha vivido, tudo o que ela tinha sentido.
— Adoro ser teu — sussurrou ela, enquanto o envolvia com a boca, quente e húmida.
Miguel gemeu, as mãos a agarrarem-lhe o cabelo, a puxarem-na para mais perto. Sabia que, no fundo, isto era o que ele mais desejava: vê-la feliz, vê-la realizada, mesmo que isso significasse partilhá-la. Era um corno manso, sim, mas não por fraqueza. Por escolha. Por amor.
E, naquele momento, enquanto o prazer o consumia, Miguel soube que nunca iria querer ser outra coisa.