O Veneno da Prostituição – Amor Proibido: Um Olhar Profundo sobre um Tema Tabu
O ar pesava naquela noite, carregado de segredos e desejos que não deviam ser nomeados. A rua estreita, iluminada por luzes pálidas e intermitentes, parecia respirar com vida própria. Era ali, num dos bordéis mais discretos da cidade, que ela vivia. Clara, uma mulher de olhos profundos e sorriso fugaz, era conhecida por ser a mais requisitada. Não apenas pela sua beleza, mas pela aura de mistério que a envolvia.
Ele, um homem de negócios respeitado, nunca imaginaria cruzar aquela porta. Mas o destino, ou talvez o desejo insaciável, o levou até ela. Quando os olhares se encontraram pela primeira vez, algo estalou no ar. Era mais do que atração física; era uma conexão que os dois sabiam ser proibida. Ele, casado e preso às aparências. Ela, uma prostituta, aprisionada num mundo que a consumia.
As noites seguintes foram marcadas por encontros furtivos, onde o tempo parecia esticar-se e contrair-se ao sabor dos seus corpos. Ele chegava sempre tarde, quando o bordel estava quase vazio. Ela esperava-o no quarto, vestida apenas com um roupão de seda que deslizava ao mínimo toque. As suas mãos exploravam-se com urgência, como se tentassem compensar todos os anos de solidão e repressão.
Ele beijava-a com uma fome que o assustava, e ela correspondia com uma paixão que a consumia. As palavras eram desnecessárias; os seus corpos falavam uma língua antiga e proibida. Ele descobria nela uma mulher que não se limitava ao papel que a sociedade lhe impunha. Ela via nele um homem que, por trás da fachada de respeito, era tão vulnerável quanto ela.
Mas o veneno da prostituição estava sempre presente, envenenando cada momento de ternura. Ele sentia-se culpado por desejar algo que não podia ter. Ela sabia que, mais cedo ou mais tarde, ele partiria, deixando-a ainda mais só. Ainda assim, entregavam-se um ao outro, como se o amor proibido pudesse, de alguma forma, redimi-los.
Uma noite, ele chegou mais cedo do que o habitual. Ela estava sentada à janela, a fumar um cigarro, o olhar perdido na escuridão. Ele aproximou-se silenciosamente e envolveu-a com os braços. Ela sentiu o calor do seu corpo e fechou os olhos, tentando memorizar aquele momento.
— Porque continuas a vir? — perguntou ela, a voz quase um sussurro.
Ele hesitou antes de responder:
— Porque não consigo parar.
Ela virou-se para ele, os olhos brilhando com lágrimas contidas.
— Sabes que isto não pode durar.
Ele sabia. Mas, naquele momento, tudo o que importava era ela. Beijou-a com uma intensidade que os deixou sem ar, e os seus corpos fundiram-se mais uma vez, num último ato de desespero e paixão.
Quando ele partiu na manhã seguinte, ela ficou sozinha no quarto, o cheiro dele ainda impregnado nas suas mãos. Sabia que nunca mais o veria. O veneno da prostituição tinha-lhe roubado mais uma vez a possibilidade de ser feliz. Mas, naquele breve momento, ela tinha sentido o que era ser amada. E isso, talvez, fosse o mais perigoso de todos os venenos.